Aldemio Ogliari
Passeatas, manifestações e protestos, tudo isso aí tende a acontecer, novamente, em todo o país, de forma pacífica ou não, a depender dos acontecimentos e do atendimento de imediato das reivindicações, ocorrendo recrudescimento dos ânimos.
Tudo será obtido após muitas lutas, correrias, gritos, enfrentamentos e, às vezes, certamente, as pessoas vão além do plano da normalidade, esquecendo os bons modos, porquanto, agindo em multidão, tudo é possível e tudo pode acontecer, atos praticados em tumultos, por pessoas organizadas ou não, como as quebradeiras, atos de vandalismo, o que já era esperado num contesto dos crimes multitudinários.
Pensar o contrário, seria assistir a uma caminhada de religiosos, uma procissão de freiras, um piquenique de alunos do jardim maternal da escola, onde clamariam por mudanças e o governo ficaria rindo dessas passeatas, mansas, pacíficas, ordeiras, seriam manifestações inúteis, infrutíferas e sem perspectivas de obtenção de resultados práticos inicialmente pretendidos.
Analisando os fatos de outro modo, chegar-se ia à conclusão de que ao governo não interessa pessoas omissas e inoperantes.
A Presidenta Dilma, ainda em 2014, estava certa ao propor um plebiscito para uma reforma política ampla, geral e irrestrita, de cima para baixo, uma reforma verticalizada. Ocorre que os políticos, os deputados e senadores, tanto os da oposição, até mesmo os da base aliada, não quiseram aprovar as propostas então apresentadas, mudanças tão reclamadas pela sociedade, alegaram que a Constituição não permitia tais reformas.
Situação fácil de se resolver, nada do que uma simples PEC – Proposta de Emenda à Emenda à Constituição pudesse contornar. Já passou da vez em acabar com os mandatos dos político-profissionais, proibindo-se a reeleição em todos os níveis.
Certamente os políticos da oposição (a velha direita brasileira, leia-se PSDB, DEM e agora o PSB e demais nanicos), como de sempre, querem reformas profundas e, para eles, deve ser feito alguma coisa, desde que continue como está (com reeleição em todos os níveis, aumento das verbas de gabinete, mordomias), cultuam a filosofia do “quanto pior melhor”.
Vislumbra-se que a única mudança que o governo deseja, de fundo e de fato, é a reforma trabalhista, com a supressão de vantagens e/ou direitos da classe trabalhadora, direitos estes conquistados nos últimos cem anos e a aprovação do projeto da previdência social.
Os políticos da direita usam como pretexto para as mudanças desejadas, a flexibilização, a desregulamentação e a desconstitucionalização da legislação trabalhista, devido aos reflexos da globalização, tudo para se encaixar na filosofia neo-liberal defendida pelos políticos da direita brasileira, querem aprova o negociado sobre o legislado, como exemplo: a) tudo será resolvido pelas sindicatos, pelas negociações coletivas; b) jornada de trabalho intermitente (a empresa escolheria qual o horário de trabalho, quanto ganharia o empregado etc.); c) o salário poderia cair até 50% do prometido; d) e outras maldades mais.
Com tais mudanças, se aprovadas e tão sonhada pelos políticos neo liberias da direita, à toda evidência, quem vai perder, com certeza, é o empregado, pois serão retirados e/ou suprimidos direitos básicos conquistados no decorrer da história. Aldemio Ogliari é advogado trabalhista – OAB-DF4373
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